Skip to main content

O mau hálito pode indicar problemas bucais, gástricos, renais, hepáticos, metabólicos e, até mesmo, de neoplasias

 

A palavra “halitose” é composta pela forma latina halitus (ar expirado) + a grega ose (doença ou condição anormal). Define o odor desa­gradável no ar eliminado pela boca ou narinas. No entanto, ao con­trário de seu significado etimológico e da crença comum, o “mau hálito” não é uma doença: trata-se de um sinal ou sintoma de desequilíbrio no organismo, podendo indicar alterações fisiológicas (como a halitose matinal, ao acordar), adaptativas (como a halitose que ocorre nas dietas de emagrecimento ou no estresse emocional) e patológicas.
Apesar de não significar necessariamente doença, é importante conside­rar que, em muitos casos, mau hálito pode ser a queixa inicial de problemas bucais, gástricos, renais, hepáticos, metabólicos e, até mesmo, de neoplasias. Além disso, halitose crônica interfere nas relações sociais, na autoestima e na qualidade de vida de seus portadores, o que, sem dúvidas, reflete nas con­dições de saúde em seu conceito mais amplo. Por isso, é um problema que  demanda um diagnóstico preciso, favorecendo, assim, um tratamen­to adequado, com resultados efi­cientes e duradouros.palavra “halitose” é composta pela forma latina halitus (ar expirado) + a grega ose (doença ou condição anormal). Define o odor desa­gradável no ar eliminado pela boca ou narinas. No entanto, ao con­trário de seu significado etimológico e da crença comum, o “mau hálito” não é uma doença: trata-se de um sinal ou sintoma de desequilíbrio no organismo, podendo indicar alterações fisiológicas (como a halitose matinal, ao acordar), adaptativas (como a halitose que ocorre nas dietas de emagrecimento ou no estresse emocional) e patológicas.

Do ponto de vista da epidemio-logia, se considerarmos as mudanças momentâneas de hálito, podemos afirmar que 100% das pessoas apre­sentarão alterações ao longo da vida. Se considerarmos apenas os casos de halitose crônica, a literatura revela prevalências em tomo de 30% em diferentes populações.

Etiologia

Apresenta origem multifatorial, com mais de 60 causas distintas citadas na literatura, das quais cerca de 90% têm sua origem na boca, especialmente devido a biofilme lingual ou saburra (camada esbranquiçada que se acumula no dorso da língua, formada por restos de alimentos, bactérias, células descamadas da mucosa e saliva), alterações na qualidade e quantidade salivar, periodontite e higiene bucal deficiente. Outras origens também são possíveis, em menor grau, como alterações nas vias aéreas superiores, transtornos gástricos, doenças pulmonares e problemas metabólicos ou sistêmicos – como ocorre na diabetes mal compensada, insuficiência renal ou hepática, distúrbios intestinais e neoplasias.

 

O mito do estômago

Diferente do que muitas pessoas pensam, as evidências científicas e clínicas demonstram que problemas relacionados ao estômago raramente alteram o há- lito. Apesar de essa origem até ser possível, é muito rara (estimada entre 1% e 3% do total de casos). Na verdade, como já foi citado, as principais causas da halitose são de origem bucal. Muitas pessoas acreditam que o mau hálito vem do estômago porque o problema costuma aliviar ou até sumir depois que se alimentam. Isso acontece pois, ao comer, se equilibra a glicemia, eliminando o hálito cetônico, fruto do jejum prolongado. Além disso, ao consumir alimentos, o sistema nervoso determina que as glândulas salivares aumentem a produção de saliva, um detergente natural que contribui para a eliminação de bactérias bucais produtoras de gases malcheirosos. Uma explicação para o fato de a halitose estomacal ser rara é a anatomia do estômago em si, dotada de válvulas que, em condições normais, evitam o retorno dos alimentos e, com isso, de seus odores. A musculatura digestiva normal realiza os conhecidos movimentos peristálticos, que direcionam os alimentos para o intestino e não de volta à boca. Quando os movimentos acontecem no sentido contrário, ocorre mau cheiro de odor característico, muito diferente do mau hálito tradicional e, nos casos de eructação, por exemplo, ocorre mau cheiro apenas instantâneo. Assim, problemas gástricos favorecem a halitose apenas em situações nas quais haja antiperistaltismo, como nas hérnias de hiato por deslizamento ou refluxo gastroesofágico importante, ou quando há estagnação de substâncias no estômago, como ocorre no câncer gástrico e no uso de balões gástricos. Em casos de halitose, para confirmar ou excluir a origem gástrica, o primeiro passo é testar, com o olfato, o odor eliminado na expiração. Se o mau hálito vem do estômago, quando a pessoa está em jejum, o hálito terá cheiro de suco gástrico; quando bebe leite, será de leite azedo; ao comer peixe, terá odor de peixe, e assim sucessivamente. Por outro lado, se o hálito tem odor característico de enxofre (como o cheiro de ovo podre), dificilmente será de origem gástrica, pois a reação química de volatilização do enxofre é favorecida em pH alcalino, enquanto o estômago tem pH extremamente ácido. Outra questão crucial para fechar o diagnóstico de halitose por origem gástrica é que o odor desagradável deve ser eliminado tanto pela boca quanto pela narina. Uma maneira prática de compreender isso é que, se uma pessoa arrotar de boca fechada, esse odor será eliminado pela narina. Assim, se o cheiro da expiração via nasal é normal e via bucal é desagradável, a origem não pode ser gástrica, e sim bucal.

Problemas gástricos favorecem a halitose apenas em situações nas quais haja antiperistaltismo, como nas hérnias de hiato por deslizamento ou refluxo gastroesofágico importante, ou quando há estagnação de substâncias no estômago, como ocorre no câncer gástrico e no uso de balões gástricos

 

Fonte: REVISTA DO CROSP